Quem recebeu da Prefeitura um saco de cimento e um milheiro de telha para sua reforma deve está agradecido. Certamente, todas essas pessoas devem estar gratas pela lembrança do senhor gestor ou secretários.
O que me preocupa não é quem recebeu, nem muito menos quem irá receber. O que preocupa é a forma como esse material foi doado. Uns acreditam que tudo não passou de uma boa ação do Gestor, outros acreditam que foi por causa dos inúmeros pedidos; eu, não acredito em nada disso.
O programa de assistência à pessoa carente e apoio financeiro a entidades reconhecidas sem fins lucrativos do município de Pereiro acaba se tornando uma importante ferramenta eleitoreira. É bem verdade que tudo está na LEI 622/2009, de 24 de Agosto de 2009. Lá deixa claro que são consideradas pessoas carentes quem estiver inscritas nos Programas Sociais do Cadastro Único do Governo Federal que tem como responsável pelo cadastro a Secretaria do Trabalho e Assistência Social. É ai que ficamos de “orelha em pé”.
Vasculhando alguns sites sobre o programa Bolsa Família, chave maior para o recebimento de benefícios e sem sombra de dúvidas o maior programa dos últimos tempos, me deparo com uma matéria que fala da forma como os cadastros são feitos. O que me chamou a atenção é que PEREIRO aparece entre as cidades em que os profissionais que deveriam exercer funções puramente operacionais estão sendo alocados como gestores do programa Bolsa Família, contrariando orientações diretas do Ministério do Desenvolvimento Social. O fato nos coloca várias interrogações, cientes de que no Ceará apenas Pereiro e Itaitinga registraram o fato. Em outras palavras, quem deveria digitar o cadastro está também gerenciando.
Veja na integra a matéria do site: area61.com.br
Bolsa Família é gerenciado por digitadores, recepcionistas, guardas municipais e até por uma praça!
Existe uma norma clara sobre a equipe do Bolsa Família. De acordo com o MDS – Ministério do Desenvolvimento Social em sua página sobre Recursos Humanos relacionados ao Programa Bolsa Família que tem uma gestão descentralizada, ficando a cargo de cada Prefeito organizar o Bolsa Família em seu município, o profissional alocado para a tarefa deve ser capaz de criar um time com o seguinte conjunto de habilidades: Entrevistador, Supervisor de Campo, Assistente Social, Supervisor de Cadastro Único, Administrador de Rede, Digitador.
O MDS deixa bem claro o papel de cada um no processo de condução do programa Bolsa Família. Vamos aqui dedicar um tempo maior ao papel do Supervisor de Cadastro Único que é responsável por “receber os formulários preenchidos e garantir que sejam devidamente digitados no sistema”, ou seja este é o profissional da chamada garantia da qualidade da informação. Em um ambiente saudável, um profissional executa a tarefa e outro confirma se esta foi concluída de acordo com normas, procedimentos e padrões. Já o Digitador de acordo com o MDS é o “profissional com habilidade e rapidez na digitação dos dados cadastrais, devendo executar, no Sistema de Cadastro Único, as inclusões e alterações realizadas nos formulários de cadastramento”, devendo portanto atuar na operação do cadastro.
A realidade sobre alguns gestores do programa Bolsa Família
São vários os casos onde Digitadores e Técnicos de Informática são os GESTORES do programa Bolsa Família no município. O profissional que deveria ser responsável por digitar, realizar a entrada de dados, literalmente “d-a-t-i-l-o-g-r-a-f-a-r” as informações nos sistemas, hoje é na realidade de muitos municípios o responsável por todo o programa. Os defensores dirão que são profissionais super-capacitados e que o cargo listado é apenas o cargo de origem. Nada contra os Digitadores e Técnicos, mas será que eles foram preparados e contaram com formação para exercer um papel tão decisivo para o programa? Temos que lembrar que muitas famílias dependem única e exclusivamente destes recursos para seu sustento e estamos confiando e colocando o peso desta responsabilidade nos ombros de profissionais que dada a descrição de seu cargo deveriam estar executando tarefas operacionais e supervisonadas.
A situação do Guarda Municipal é a única que consigo encontrar justificativa, caso a escolha tenha sido feita com o objetivo de ser este um profissional capacitado no trato e cuidado com a população, mas se este for o caso porque não conceder esta tarefa ao Comandante Geral da Polícia Militar naquele município, ao Delegado de Polícia, ao Juiz da Comarca ou a qualquer outra pessoa que tenha recebido capacitação na coordenação de equipes ?
Veja Lista completa de municípios onde a situação foi encontrada clicando aqui:
http://www.area61.com.br/gov/bolsa-familia-e-gerenciado-por-digitadores-recepcionistas-guardas-municipais-e-ate-por-uma-praca/
Vamos nós: Independente da contestação da Secretária de Ação Social do Município fica difícil entender porque Pereiro aparece tanto nos noticiários com fatores negativos. E voltando ao assunto das doações; cuidado, porque seu cadastro pode não declarar que você realmente seja pobre.
Por: Jornalista Damião Flávio Silveira.
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