terça-feira, 22 de novembro de 2011

A cachaça de Jessy.



- Jessy, bota mais uma pra mim! Tem limão? Então serve laranja.
Por mais de quatro décadas o bar mais antigo da cidade escuta esses pedidos. Chegar à praça da matriz e não ver Jessy com seu “ponto” aberto seria mudar radicalmente a “cara” do centro da cidade.
A praça mudou, o estilo da cidade mudou, mas, a cachaça do bar mais antigo da cidade continua forte, do jeito que o bom bebedor gosta.
O local é privilegiado, a vista é privilegiada, passar mais de quarenta anos atrás de um balcão, é viver a vida a servir o apreciador etílico mais simples.
A cachaça vende mais, e desde que a antártica tinha em seu rotulo dois pingüins tristes e ainda não era chamada de boa, Jessy já vendia bem gelada.
A freguesia dos que gostam de uma boa cachaça se divide com Chinim, é bem verdade que o Aleijado mesmo não sendo mais na gurita ainda vende a cerveja mais gelada da cidade.
Bebê cachaça em Pereiro era motivo de diversão, as pessoas bebiam para conversar, se soltar, ver a vida diferente. Hoje, bebê virou mania e a ociosidade acaba fazendo com que muitos de nossos conterrâneos se joguem no mundo do alcoolismo.
A verdade é que as melhores histórias sobre Pereiro sempre aconteceram em rodas de conversas em mesa de bar. Cada um conta ao seu modo, mas, o dono do bar escuta todas sem interromper. Uns inventam um pouco, outros inventam demais e ainda colocam uma mentirinha pelo meio, mas, o dono do bar finge que acredita mesmo que essas histórias sejam contadas por Raimundo de Dodô*.
Ir a Pereiro e nunca ter tomado uma boa cachaça no Bar do Jessy, é o mesmo que ir a Nova York e não ver a estátua da liberdade é mesmo que ir a Tauá e não comer o carneiro de lá é o mesmo que ir a Fortaleza e não conhecer as praias, ou seja, no ditado popular, “ é mesmo que nada”.

Por: Jornalista Damião Flávio Silveira.

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