É ASSIM O MEU PEREIRO

É ASSIM O MEU PEREIRO

... No semblante da serra o verde prevalece. Esculturada por um artista de talento natural. Se Deus fez arte tão bela, nela deve se conter as melhores das criaturas. O clima invejável revela um pequeno pedacinho de uma terra onde tudo que se planta dar.

É assim meu Pereiro. Do simples ao novo, do simples a história.   O maestro solicita o dobrado. Os músicos na primeira batida do tambor executam saudades da minha terra. A lagrima não se segura em meus olhos e a melodia vira um estante de lembranças. Na terra de Santos Cosme e Damião, as melhores frases não traduziriam a verdadeira paixão de seu povo, sonhar. E nesses sonhos que buscamos as lembranças, os sentimentos, as vitórias. Histórias contadas de avó pra pai, de pai para filho que se debruçam nas diversas lembranças de minha terra.

Ao ver que o cristo redentor continua a nos abençoar, nos passamos por momentos que merecem serem lembrados. Para onde foi à estátua de Santos Dumont que inúmeras vezes servia de brinquedo nas noites de paquera da pracinha do cemitério? Observado pelos olhares atentos de Cordulina Gabriel e Adausigio. Adausigio há se todas as praças tivessem um vigia tão competente e dedicado como ele! E se minha terra tem grandes personagens, sejam anônimos ou famosos, não poderíamos falar de Pereiro e esquecer pessoas que a história faz questão de citar. A cultura? A cultura não seria a mesma sem a garra de Jocilda Gabriel. Sem saber tocar violão e nem ao menos piano ou flauta, se destacava pela coragem e determinação a frente da inesquecível SOBEJE. Na companhia de Toinha Victor, Chico Amâncio e tantos outros que fizeram da SOBEJE uma realidade. Jocilda ousou.

Lembranças da Bandinha São José, sob a regência do maestro Sidney Rufino e o trompete de João Mendes. Cultura construída ao ritmo gostoso de João novi, Major, Chico Osório, Zita Leite e Zuila cantando cochas de retalhos, Seu bidó, Valfrido e a tão falada mãos de Eurideces, complementado pelo talento de Eliarde, Cyse, Lidiane e tantos outros que transformavam arte em teatro. Da sanfona tão conhecida de seu João Macedo, do jeito honroso que Rominho e Islania conduzindo nossa musica.

Quer uma foto? Fala com Bento, é a melhor da cidade. Quer um disco de vinil? Aire Som resolve, é só falar com Neido. Quer comprar Balas, passa na bodega de Cosme Leontino que ele sempre coloca cinco a mais. Quer tomar uma? Passa no bar do jessy, vai até o casebre, no lasdeca, na barraca de chicão, no bar das almas, no bar de Rafael. Hoje é sexta-feira! Ta cheio de gente na rodoviária, enquanto o ônibus da itapemirim não chega o negocio é tomar um café com bolo no comercio de Zé Mourão ou Chico Bento. Manuel de Bodega tem ônibus para Jaguaribe, mas se não der vai no carro do leite que Dedé leva.

Pereiro, das rodas de conversas nas calçadas às cinco da tarde, das feiras no dia de segunda, das festas de setembro. É nessa data onde procuramos usar nossas melhores roupas, juntamos as nossas economias e rezamos para nossos santos gêmeos Cosme e Damião. Das lembranças mais marcantes de minha terra, sempre me vem à mente as mentiras de Raimundo Dodô, o forrozao de Carlito, as brincadeiras na topique de Laecio Miroso, os leiloes gritado por primo Gilson, as loucuras de Helena Gabriel, a vontade de ajudar sempre de Dawidson Gabriel, o jeito simples de Chico Neidson, as rezas de Dona Mariquinha de Zé de Deufonso e a habilidade de careca dirigindo. Pereiro, das conversas nas calçadas de Ozana e Dona Lurdes, do escritório de Advocacia de Dr.Valmiro, da inteligência da família falcão e seu filho mais ilustre e famoso que leva o nome artístico da mesma. Pereiro, de Zé Irineu e sua coragem de transformar nossa cidade, de Antônio Nei o homem na seca de 92, de Seu Mundoca Pinheiro e sua família respeitada, do comercio de Moacir Gabriel, da Padaria de Ronaldo. Pereiro, da casa dos escravos na fazenda campos, do marco do inferno na pracinha da Teleceará, da avenida do amor. Lembranças de uma vida marcada por momentos mágicos. E como poderíamos esquecer as histórias que nossos pais contam sobre o dia em que a terra tremeu? Uns dizem que nosso pedaço de chão pode está cheio de ouro, já outros nem sabe falar sobre tal fato. Lembranças da minha terra, lembranças de meu povo, de nosso jeito simples de receber as pessoas, de nossa alegria nesse 30 de agosto. Comemorar tal data não teria sentido se não evocássemos figuras tão inlustres que não está mais entre nós. Falo de Chicão e suas histórias folclóricas, Chico Moura e sua fé em São Judas, Editem Morais e sua garra para e sua referencia para a família, Antônio Alves fechando o gol, Professor Neuzimar recitando Patativa, de Neida Moura e suas aulas de educação física e João Terceiro para organizar essa festa. Figuras importantes que não precisa aparecer para serem lembradas e que hoje divide suas experiências com todos nós, falo de dona Martinha, Maria do Céu, Socorro Rodrigues, Dona Marlinda, Vilaci Amorim. Lembranças dos ciclos bíblicos ministrados Dideus Amâncio e Carminha Almeida, da voz afinada de Socorro Almeida nos corais da igreja.  E se Deus fez arte tão bela e nela deve se conter as melhores das criaturas, ficará cargo da história incluir mais personagens e momentos neste cenário abençoado por Deus. Do meu pereiro resta-me a lembrança que o pouco tempo foi capaz de traduzir.

Meu pereiro é assim, da história contada e do jeito simples, traduzindo sua paixão por uma simples frase: Pereiro, querida terra...

Por: Jornalista Damião Flávio Silveira